terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cartas Que não mandei- Parte 1

Oi.



Hoje eu vi o sol acordar com o seu lado da cama vazio. Me bateu aquele frio na espinha, aquela mescla de amor com saudade que só quem sofre, só quem já riu sabe. Tudo estava metodicamente em seu lugar, quase empoeirado pelo tempo, nunca esquecido por mim, que nas madrugadas vê o assombro de seus passos e gestos pelo quarto. Ah, e eu repito ah... num gemido solitário e baixinho, cansado de esperar a sua volta, desacreditando sua partida.

Não compreendo até hoje a sua ida, eramos tão felizes, passeávamos com os cães, casa em simples e harmoniosa ordem, o amor vivia fazendo folia feito carnaval em nossos corações, mas algo faltou, oque foi ? Faltaram flores e abraços, troquei o sabor do seu chocolate favorito, deixei de reparar no cabelo e vestido? Prefiro a mentira que seu retrato me passa, aquele sorriso tão alegre, que coloco ao meu lado e me convenço que ali que és feliz. Num estado de semi- vida, ou uma pré-morte, vivo no passado estacionado em nossa cama, com uma greta da janela aberta, mostrando os dias passarem e o nascer do sol. Mesmo ali parado, de olhar fixado na solidão que em mim existia, ali eu via o amor. Vi o real lado triste do amor, aquela parte quente, terna e efêmera se diluir em gritos silenciosos de espanto, dor e medo. Sim, agora sei o que é o todo do amor, agora eu sinto o que equivale a palavra mais bonita e perigosa que é o amor, amor é dor, é a tarde fria dos românticos e o sopro gelado para os abandonados. A verdade a saber se o que quero é ficar curtindo este doce veneno, esse dessabor que amarga minha boca, que outrora só reconhecia o gosto doce daqueles beijos...


hoje, hoje sei que o dia vai passar e aos poucos o que vivia de você em mim também se irá. Mas por quê ir se tanto a quis, se tanto a amei feito deusa e menina! Por que? Lembro bem que você era fascinada com as tardes, e dizia que era o momento onde o sol começava a perder o brilho, mas não a beleza. Em contra ponto a lua surgia, com todo o seu negro resplendor, iluminada pelo astro rei. E logo em seguida, beijava-me com aquele sorriso... hoje, nesta noite a lua falta um pedaço, assim como eu, falto, você!



Te amo.

Um comentário:

  1. Depois fala de mim...
    O amor é assim mesmo, quando não é pior, porque geralmente a paixão anda de mão dadas com o amor, e ela, a paixão, gosta de nos ver chorar...

    ResponderExcluir